A Decisiva Última Semana

 O GRANDE MUDO – David Nasser – Publicado na revista “O Cruzeiro” em 15 de fevereiro de 1964.

“Enganam-se aqueles que veem no Exército Brasileiro – cerne das Forças Armadas – simples massas de manobra. Mais de uma vez tenho dito que, no momento certo, o grande mudo falará.

Daí o meu desacordo aos apelos oposicionistas – e quem vos escreve é maciçamente um homem de oposição – para que os civis democratas se armem e enfrentem as legiões sindicalistas mobilizadas pelos desordeiros, os grandes e os pequenos. A aceitar tranquilamente a tese do nobre e lúcido brasileiro que é o Deputado Bilac Pinto, de que temos que nos armar para a luta nas cidades, nas ruas, nas fazendas, nas casas – estaríamos retirando das forças armadas brasileiras o crédito de confiança que elas nunca nos desmereceram.

É preciso admitir – e aceitar – o fato de que o conceito de legalidade não é o mesmo para todos. Os militares têm deveres capitulados, muito bem definidos em regulamentos simples, claros e rígidos. Não se parecem, esses freios, com as linhas fluidas da legalidade civil – isto é – a legalidade como nós, civis, a vemos e a interpretamos.

Entendem, os militares, que não compete a eles a dissecação dos atos governamentais nem o exame de sua constitucionalidade. É tarefa do Parlamento e o Judiciário e se se omitem ou negociam em face da inconstitucionalidade de certos atos ou de certas tendências do Executivo, o Exército não lhes pode tomar a vez. Competiria, em última análise, ao próprio Parlamento declarar a nulidade destes atos, coibir essas tendências - e recorrer dramaticamente – numa atitude histórica – ao único remédio legal. Ante o silêncio de um, não há de estranhar-se a omissão do outro.

O Exército (e como exército se aceite a principal força militar) é o defensor, o executor e o mantenedor da legalidade, não o seu intérprete, o seu jurista.

Os democratas brasileiros podem confiar nas Forças Armadas que não se condicionam à vontade unipessoal de um Ministro, por mais honrado que ele seja – nem aos caprichos de um Almirante, por mal-intencionado que ele seja.

Ninguém pode falar em nome do Exército Brasileiro, da marinha

Brasileira, ou da Força Aérea Brasileira – se a sua fala é antidemocrática.

Tenho repetido que os militares são simples civis de uniforme, são cidadãos da classe média que enfrentam os mesmos problemas, sofrem as mesmas angústias, sentem as mesmas depressões, os mesmos temores, as dificuldades iguais às de todos os brasileiros. Dispam, imaginariamente, o General Jair Dantas Ribeiro do seu uniforme eu o coloquem dentro de um pijama burguês. Ninguém poderia admitir que um General de longo curso, vindo de uma carreira de meio século a serviço da Pátria, a pudesse entregar cegamente aos extremistas. Não deve estar longe dos ouvidos do cabo de guerra aquela espantosa declaração de Luiz Carlos Prestes de que lutaria ao lado da União Soviética se esta entrasse em guerra com o Brasil. E hoje são muitos, entre os civis, os nacionalistas impatrióticos, mas, entre os militares, constituem uma minoria irrisória, porém, atuante.

Todos nós, democratas, devemos considerar as Forças Armadas como a base de uma santa aliança contra a invasão comunista do Brasil. Não importa que se imagine o contrário. Não importa que este ou aquele General, este ou aquele Coronel, pareçam engajados na mesma aventura de destruição da nacionalidade. No momento exato, veremos que não será necessário recorrer ao velho fuzil ou à garrucha enferrujada do civil assustado, do fazendeiro que defende as terras de seus pais como quem defende os sete palmos de seu destino. Na hora absoluta da decisão, eles, os militares, estarão defendendo, contra o comunismo, que não é mais uma utopia, mas uma realidade brutal, as suas carreiras, pois sabem que, vencidos, serão trocados por milícias operárias ou camponesas, como na terra de Fidel.

O GRANDE mudo – o Exército Brasileiro – a tudo assiste, como um leão reumático, um velho leão do circo brasileiro, dentro da jaula, onde prenderam a democracia. Cutucam-no, os Brizolas et caterva. Os falsos domadores se animam, julgando que o rei perdeu a sua força. Súbito, ele eriça a juba, o pelo se eletriza e num instante, o corpo de pé, prepara-se para a reação. E daquele animal soberbo, que parecia emudecido para sempre, sai um urro de fogo. O urro democrático.

Assim será com a Marinha. Assim será com a FAB. Assim será, principalmente, com o Exército Brasileiro. O grande mudo. Porque o velho leão, preso e espezinhado na jaula da legalidade, não está morto, embora pareça.” (David Nasser – 15/02/1964)


"O Grande Mudo" - Escrito por Davi Nasser 


2022 - Tempos atuais: A grande escruzilhada.

Hoje vivemos algo muito pior  que em 1964. 

Estamos presenciando, cotidianamente,  a queima da C.F. em praça pública pelo PJ, a quem caberia, essencialmente, a sua guarda e sua defesa.

Além disso algo que se destaca em relação a 1964, e ninguém comenta:

Na época, a grande mídia estava do lado correto. 

 Apoiava e defendia a CF, a lei, a ordem, e os anseios do povo.

Atualmente o 4º Poder (mídia) está do outro lado.

Desde 2019 a grande mídia defende a bandidagem, a corrupção e qualquer linha da ideologia do Esquerdismo.

Isto ocorreu porque a  corda ficou muito solta. 

Precisamos saber se é por opção que o  PR não está exercendo a  autoridade formalmente descrita na nossa Carta Magna sobre seus comandados. Ou, então,  se são seus comandados que não estão lhe obedecendo.

Viveremos uma semana decisiva para o futuro da nação que conhecemos até agora.

Sei que de qualquer forma, qualquer que seja a decisão política e de segurança,  tudo virá para o melhor e quem sabe, desta covardia que nossos representantes estão apresentando, nasça um novo Brasil,  com Estados Independentes.


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